Lidar com comportamentos opositores e desafiadores é uma das maiores dificuldades relatadas por pais de crianças entre 3 e 10 anos. Respostas como “não quero!”, gritos, birras, fugir de tarefas, bater ou empurrar costumam gerar desgaste emocional e sensação de perda de controle.
A boa notícia é que existem estratégias baseadas em evidências, utilizadas em programas como o Treino Parental (PMT, de Alan Kazdin), o Incredible Years e a ABA (Análise do Comportamento Aplicada), que ajudam a reduzir esses comportamentos, e podem começar a funcionar em poucos dias quando aplicadas de forma consistente.
Como psicóloga infantil em Curitiba, explico neste guia o que pais precisam entender e como agir de forma simples e eficaz no dia a dia.
Por que comportamentos opositores acontecem?
Comportamentos como recusar, gritar, bater ou fugir têm função —> eles servem para a criança obter algo ou evitar algo.
Entre as funções mais comuns estão:
1. Atenção
A criança grita, provoca, faz “teimosia” para ganhar contato imediato, mesmo que seja bronca.
2. Acesso a itens ou atividades
Quando deseja algo (doce, celular, brinquedo) e recebe um “não”, responde com oposição.
3. Escapar de uma demanda
Banho, guardar brinquedos, colocar roupa, entrar no carro — tarefas podem gerar frustração e recusa.
Entender a função é essencial para saber como responder.
Como manejar comportamentos opositores na prática
Aqui estão estratégias utilizadas em programas de Treino Parental com forte respaldo científico:
1. Antecipe e combine antes
Crianças cooperam mais quando sabem o que vai acontecer.
Exemplo:
“Daqui a 2 minutos vamos tomar banho. Quando o cronômetro tocar, você vai desligar e ir para o banheiro comigo.”
Use: cronômetros, timers visuais, combinados em 2 passos.
2. Dê comandos positivos e específicos
Evite “não faça isso”.
Diga exatamente o que ela deve fazer.
✔ “Fale baixo.”
✔ “Fique perto de mim.”
✔ “Guarde o brinquedo na caixa azul.”
Comandos curtos aumentam o cumprimento imediato.
3. Reforce muito a cooperação (mesmo a mínima!)
A ciência é clara: comportamentos reforçados se repetem.
Use elogio descritivo:
“Obrigado por esperar na fila.”
“Você me ouviu na primeira vez. Muito bem!”
“Gostei de como você guardou o brinquedo.”
Crianças opositoras precisam de o dobro de reforço positivo.
4. Reduza atenção durante comportamentos inadequados
Quando seguro, use a técnica ignorar ativamente, que reduz comportamentos mantidos por atenção.
Ignorar ≠ deixar a criança solta
Ignorar = não dar fala, olhar, explicações longas, discussões.
Assim que parar o comportamento, elogie imediatamente.
5. Mantenha coerência no “não”
Se o adulto negar o pedido, mas ceder após gritos, o comportamento volta mais forte.
Consistência é fundamental:
– Diga “não” uma vez.
– Mantenha a negativa.
– Ofereça alternativas possíveis (“Você pode escolher isso ou isso”).
6. Use economia de fichas (recompensas estruturadas)
Para crianças opositoras, o sistema de pontos/fichas funciona muito bem.
Comece com:
– 2 comportamentos alvo
– Recompensas pequenas diárias
– Recompensa maior ao atingir um número de estrelas
– Recompensa não é “suborno”: é fermento comportamental.
Quando buscar ajuda profissional?
Procure uma psicóloga infantil quando:
– os comportamentos pioram com o tempo
– há agressividade frequente (bater, empurrar, morder)
– a criança não aceita limites
– pais se sentem esgotados
– há prejuízo em escola, família ou social
O treino parental é hoje o tratamento mais recomendado para comportamentos opositores e TOD, com excelentes resultados.
Comportamentos opositores podem ser desafiadores, mas são altamente modificáveis com estratégias corretas, consistência e apoio profissional. Ferramentas como antecipação, reforço positivo, comandos eficazes e economia de fichas ajudam a reduzir conflitos e aumentar a cooperação, transformando a rotina familiar.
Se você é de Curitiba e percebe que seu filho apresenta comportamentos desafiadores frequentes, posso ajudar com avaliação, acompanhamento e Treino Parental baseado nas melhores evidências científicas.